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Arte e Informação: A Jornada de Caio Guatelli no Mundo do Fotojornalismo

Eduarda Ferreira
Arte e Informação: A Jornada de Caio Guatelli no Mundo do Fotojornalismo


Por volta das 8h26 da manhã, no dia 31 de outubro de 1996, diversas vidas foram impactadas pelo acidente aéreo da TAM, que partia de Congonhas com destino ao Rio de Janeiro. Na época, a imprensa voltou sua atenção para o caso, com profissionais presentes para registrar a notícia por meio de fotos, reportagens e matérias.


Quem diria que um jovem de apenas 17 anos, ainda iniciante no curso de fotografia, tiraria uma foto e, literalmente do dia para a noite, as portas do fotojornalismo se abririam para ele? Foi o que aconteceu com o fotojornalista Caio Guatelli.

"A queda de um avião da companhia TAM (hoje LATAM) foi um fato marcante que cruzou o meu destino. Foi um dos maiores acidentes aéreos e, naquela época, eu fazia um curso de fotografia e ainda não tinha terminado o colegial. Eu estava prestes a prestar vestibular e consegui uma foto única, que nenhum outro fotógrafo tinha conseguido: a foto da caixa preta do avião. Esse registro proporcionou a mim o reconhecimento e a chance de trabalhar no Estadão", conta Guatelli.


Nascido e crescido em São Paulo, Caio iniciou a carreira na fotografia no Estadão, onde permaneceu até 1999, quando migrou para a equipe da Folha de S. Paulo. 

"Na Folha, tive experiências muito enriquecedoras, conhecendo pessoas que foram muito importantes na minha formação, como Jorge Araújo e Alaor, com quem cruzava nas coberturas de rua. Entre 2003 e 2005, voltei ao Estadão, onde trabalhei com o editor Pedrosa. Na Folha, meu grande mentor foi Antônio Gaudério, que me ensinou muito do que sei sobre fotojornalismo.


A equipe da Folha na época era referência de qualidade, uma vanguarda da fotografia jornalística brasileira. Também aprendi muito com João Bittar, Marlene Bergamo, Eduardo Knapp, Adriana Zehbrauskas, Ormuzd Alves, Luiz Carlos Murauskas, além de toda a estrutura da Folha ter sido fundamental para meu desenvolvimento."

Embora o evento que marcou o início de Caio no fotojornalismo tenha sido a foto do acidente aéreo, seu interesse pela fotografia surgiu bem antes, ainda na infância. Filho de um artista plástico, Guatelli explica que a convivência com o pai influenciou no modo como explorava sua criatividade imagética.

"Entrei no fotojornalismo com uma abordagem mais artística, mas aprendi a equilibrar isso com a necessidade de transmitir informação. Um momento marcante foi quando Itamar Miranda, um fotógrafo experiente do Estadão, me alertou sobre a importância de priorizar a informação no fotojornalismo, apesar do meu interesse pela plasticidade. No entanto, acredito que o fotojornalismo combina ambos: a informação e a arte", comenta.


Ao longo dos anos, Caio acumulou diversos momentos importantes. Cobriu terremotos em Porto Príncipe, Haiti, e Pequim, na China, além das Olimpíadas de 2008 na China. Focou também na cobertura de questões ambientais, políticas e eleições. Em 2012, Caio iniciou sua carreira independente.

"Tive experiências muito boas também no mercado de fotografia comercial e publicitária. E, por mais que eu tenha ficado afastado da minha profissão por anos, o que eu sempre gostei de fazer foi jornalismo, e voltei em 2018, bancando meus próprios projetos, principalmente na Amazônia."


Hoje, Caio vive nos Estados Unidos e, desde 2023, escreve um blog semanal para a Folha de S.Paulo, o Ciclocosmo. Além disso, Guatelli ainda está ativo no fotojornalismo e, recentemente, fez a cobertura jornalística do julgamento do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Para Caio, o fotojornalismo sofreu fortes mudanças nos últimos anos, mas ele continua dedicado à paixão pela fotografia e pelo jornalismo.

Confira outras imagens de Caio Guatelli no Fotos Públicos, por meio deste link: https://www.fotospublicas.com/acervo?search=Caio%20Guatelli

Escrito por Eduarda Ferreira

Instagram: https://www.instagram.com/caioguatelli/