Fotos Públicas

No Front da Câmera: A Trajetória Fotojornalística de Alaor Filho

Lais Lobo
No Front da Câmera: A Trajetória Fotojornalística de Alaor Filho

Na década de 70, quem acompanhava o garoto que passeava de bicicleta pelos corredores do prédio de arquitetura da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) não imaginaria que ele seria responsável por participar e registrar diversos momentos importantes e impactantes no Brasil e no mundo. A influência do pai foi fundamental nesse caminho, já que ele não era apenas um fotojornalista, mas também professor de arquitetura e jornalismo. Ao passar momentos auxiliando seu pai no laboratório fotográfico da universidade, sua aptidão e conhecimento na área se desenvolveram naturalmente.

 

Esse ambiente, permeado pela revelação de filmes e ampliações, foi fundamental para despertar, desde a infância, o amor de Alaor Filho pelas lentes: “Eu convivi a vida inteira com a fotografia. Naquele tempo, a fotografia convencional era aquela do laboratório, revelando filmes. E eu sempre ajudei o meu pai, desde criança", comenta. 

 

Sua primeira experiência profissional aconteceu aos 14 anos, no Tivoli Park, revelando fotos dentro de uma cabine. Logo, tornou-se assistente do fotógrafo americano Richard Romero. Poucos anos depois, apesar de sua formação em Engenharia Civil, em 1988, deu início à sua carreira como fotojornalista no jornal "Última Hora", cobrindo manifestações, editorias de política, política sindical e eventos policiais. Com uma carreira de 23 anos, contribuiu para veículos como "Jornal do Brasil", "O Globo" e "Estadão", enfrentando diversos desafios, desde situações de tiroteio até coberturas esportivas, como o Pan-Americano e a Copa. 

 

Destacou-se não apenas como experiente fotojornalista, mas também como editor, atuando por 11 anos no "Jornal do Brasil". Sua trajetória é marcada por momentos intensos, incluindo a cobertura de eventos políticos e um incidente no Morro do Alemão que influenciou sua decisão de deixar o fotojornalismo, evidenciando os riscos inerentes à profissão. 

 

 Entre tantos momentos impactantes da carreira, Alaor conta um dos mais memoráveis: 

“Durante a Copa de 2002, eu estava em campo pelo Estadão, posicionado na linha de fundo. No jogo anterior a esse, passei por um problema com uma lente curta, pois geralmente trabalhamos com duas câmeras. Estava usando uma lente longa de 140mm-200mm. Nessas situações, trabalhar com três câmeras se torna inviável, pois uma câmera fica no monopé com uma lente grande, e ao trocar, fica complicado. Eu tive que trocar rapidamente de lente ao registrar Ronaldinho comemorando um gol. Infelizmente, isso danificou a baioneta de uma das lentes, e essa situação me deixou bem chateado, porque eu sempre fui cuidadoso com os meus equipamentos. 

 

No jogo seguinte, optei por levar uma câmera extra em vez de uma lente de emergência, colocando-a no chão, era uma lente 50mm. Essa decisão salvou o dia e resultou em uma foto incrível do jogador Denilson. Eu capturei ali embaixo, na perspectiva do campo, como costumamos chamar, onde eu era o único com uma lente curta naquele momento. Enquanto todos conseguiram registrar a imagem com três jogadores turcos, eu, devido à minha lente um pouco maior, tive tempo de capturar a chegada de um quarto jogador turco. Essa foto, alvo de muitas montagens, é muito mencionada pelo Denilson. 

 

Os gringos que estavam do meu lado ficaram perguntando o que eu estava fazendo com aquela terceira câmera ali. Foi muito legal!”. 

 

Alaor Filho, natural do Rio de Janeiro, mas cearense de coração, após quase três décadas dedicadas ao fotojornalismo, encontra-se agora em uma nova fase de sua carreira, ansioso por contribuir com sua experiência no Fotos Públicas. Seu legado na profissão permanece como um testemunho do comprometimento e da paixão necessários para contar as histórias por meio das lentes. 

Fotojornalista: Alaor Filho Barreto

Instagram: https://www.instagram.com/filho.alaor/

Escrito por Eduarda Ferreira.