O Prêmio Esso de Fotografia foi uma das principais premiações do Brasil no campo da fotografia, destacando trabalhos que capturaram momentos únicos, além de contar histórias marcantes, por meio do olhar fotográfico único de diversos profissionais do fotojornalismo.
No entanto, ao longo de 60 anos de premiação, apenas duas mulheres venceram a categoria. Isso refletia não apenas as barreiras de gênero presentes na sociedade, mas também os desafios específicos enfrentados pelas mulheres na indústria fotográfica.
Entre as páginas da história do fotojornalismo brasileiro, um nome se destaca como uma luz pioneira: Isa Nigri. Em 1997, Isa fez história ao tornar-se a primeira mulher a conquistar o prestigioso Prêmio Esso de Fotografia. Sua imagem marcante, "Rebelião da PM de Minas", capturou um momento de tensão que reverberou por todo o país.
Desde 1996, quando o jornal foi fundado, ela trabalhava lá, embora sua carreira como fotógrafa tenha começado de maneira inusitada, influenciada por um tio. Mesmo sem ser uma profissional da área, seu olhar aguçado a levou a registrar momentos cruciais.
No dia da rebelião, Isa estava designada para outra tarefa, porém, ao perceber a agitação na Praça, pressentiu que algo grave estava prestes a acontecer e decidiu permanecer no local. A tensão entre os policiais e o governo estadual havia se intensificado devido à falta de reajuste salarial para os praças, enquanto os oficiais foram beneficiados. Esse descontentamento culminou na rebelião, e Isa foi uma testemunha ocular do desenrolar dos eventos.
A situação atingiu seu ápice quando ocorreu o disparo fatal que vitimou o cabo Valério. Isa capturou esse momento dramático em sua câmera, e sua foto foi amplamente divulgada, aparecendo nas primeiras páginas de diversos veículos de comunicação do Brasil". Essa conquista a tornou a primeira mulher a receber o Prêmio Esso de Fotografia. Apenas uma outra mulher, Wania Corredo, conseguiu alcançar esse feito, em 2002, com a imagem "Execução em uma rua de Benfica", publicada no jornal Extra.
Essas histórias nos mostram o quanto as mulheres são importantes e potentes no fotojornalismo. Apesar das barreiras e desafios enfrentados, elas continuam a se destacar, deixando sua marca e impactando a sociedade com suas imagens poderosas. Que esses exemplos inspirem mais mulheres a entrarem nesse universo, contribuindo para uma representação mais diversa e inclusiva no campo da fotografia e do jornalismo.
Escrito por Eduarda Ferreira